Ir para o conteúdo

Debates marcam comemorações do Dia Mundial da Internet Segura no NIC.br e CGI.br


12 FEV 2015



O Dia Mundial da Internet Segura, comemorado este ano em 10 de fevereiro, foi celebrado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) com a mobilização e compromisso que o tema "Vamos criar uma Internet melhor juntos" propõe. Atividades na sede do NIC.br, reuniram representantes de diversos setores: da ONG SaferNet e Unicef Brasil, das empresas GVT, Twitter e Google, das instituições Polícia Federal, Ministério Público Federal e Governo Federal, com a presença da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, além de especialistas do NIC.br e conselheiros do CGI.br. Juntas, as entidades divulgaram ações, estatísticas e debateram os desafios do uso responsável e seguro da rede. 

Coordenado desde 2009 pela SaferNet, o Dia Mundial da Internet Segura promove ações como palestras, aulas, debates e exibição de filmes voltados para crianças, adolescentes, educadores e pais. Este ano, foram 152 atividades educativas, abrangendo 27 cidades e mais de 30 mil pessoas e 103 instituições envolvidas. Virgilio Almeida, coordenador do CGI.br, destacou a importância da data, lembrando que 77% dos brasileiros de 16 a 24 anos são usuários de Internet. “As ameaças e riscos existentes são grandes e estão relacionados a questões envolvendo ódio racial, homofobia e aspectos de segurança, como ataques e softwares maliciosos. Precisamos trabalhar para tornar os riscos mais visíveis, assim como ampliar a divulgação dos mecanismos de segurança e privacidade disponíveis", considerou. 

Virgílio reforçou que o CGI.br tem contribuído com a divulgação de boas práticas por meio do seu decálogo de Princípios para a governança e uso da Internet no Brasil e da Cartilha de Segurança elaborada pelo Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br), além de  permanentemente levantar dados sobre a população da Internet no Brasil, com estudos desenvolvidos pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br). No Dia Mundial da Internet Segura, o NIC.br abrigou uma programação que teve início às 10h30 com uma coletiva de imprensa, seguida durante a tarde por debates entre especialistas e autoridades – ambos com transmissão ao vivo pela Internet e disponíveis no canal do NIC.br no YouTube.

Estatísticas e ações

No encontro com jornalistas, o NIC.br chamou atenção para dados referenciados internacionalmente da TIC Kids Online Brasil 2013 sobre o uso da Internet por crianças e adolescentes. Fabio Senne, coordenador de projetos e pesquisas do CETIC.br, observou que os indicadores mostram uma baixa preocupação dos brasileiros com os riscos da Internet, pois apenas 8% dos pais acreditam que os filhos passaram por situação de incômodo ou constrangimento na rede. "A forma de mediação acontece de maneira passiva, 81% dos pais e responsáveis preferem conversar com filhos, enquanto 43% possuem uma mediação mais ativa de realizar atividades na Internet junto com os filhos, que pode ajudar a mitigar os riscos", pontuou.

O presidente da SaferNet e conselheiro do CGI.br, Thiago Tavares, apresentou dados inéditos sobre denúncias de crimes na web. De acordo com as estatísticas da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos (CND) da SaferNet, houve um aumento de 34,15% nas denúncias de páginas apontadas como racistas e 365,46% nas denúncias de conteúdos supostamente relacionados a xenofobia. “Esse grande número de denúncias comprova que a sociedade brasileira está vigilante e não irá tolerar manifestações de extremismo e preconceito contra as minorias nas redes sociais", destacou Thiago Tavares. 

Rodrigo Nejm, diretor de Educação da SaferNet, ressaltou a importância da conscientização dos usuários. “É melhor prevenir do que punir. Precisamos estimular os pais a acompanhar a navegação dos filhos desde os primeiros cliques. É necessário amadurecer a capacidade crítica dos usuários brasileiros”. Ainda durante o encontro com jornalistas na sede do NIC.br, Diana Calazans Mann, da Polícia Federal, destacou que a instituição irá promover 30 palestras com crianças e adolescentes em celebração do Dia Mundial da Internet Segura e também anunciou os avanços obtidos em 2014 na repressão aos crimes de ódio e pornografia infantil. Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br, ressaltou que o CERT.br possui uma série de fascículos com recomendações e dicas de segurança na Internet que são acompanhados de um conjunto de slides que podem ser utilizados para ministrar palestras ou complementar conteúdos de aulas. 

Debate

A necessidade de conscientização dos usuários também foi lembrada no debate entre especialistas realizado durante a tarde, na sede do NIC.br. "Quanto mais investirmos em educação, melhor será o ambiente da Internet. Quando os usuários entenderem os limites da navegação e o quanto é prejudicial atacar alguém com discursos de ódio e assédio, melhor será a plataforma", ressaltou Felipe Vidoretti Magrim, do Twitter, que citou exemplos positivos de campanhas promovidas pelos usuários na rede social em defesa da liberdade de expressão. 

A privacidade dos usuários foi outro tema pautado no debate. Demi recomendou prudência na hora de compartilhar informações na rede. “Precisamos ter cautela ao expor nossos dados, pois tudo que se põe na Internet dificilmente é removido”, alertou. Cristine Hoepers, gerente do CERT.br, também comentou os riscos do mundo hiperconectado e deu dicas de segurança para o uso de computadores e smartphones. Obter aplicativos somente de fontes confiáveis, instalar correções, atualizações, fazer backups regulares, proteger contas e senhas, foram algumas recomendações citadas por Cristine, que indicou a leitura da Cartilha de Segurança para Internet elaborada pelo CERT.br. 

Marcel Leonardi, do Google Brasil, analisou os ganhos que o País teve com a aprovação da Lei do Marco Civil da Internet, assunto também destacado pela ministra Ideli Salvatti. "Tenho a convicção de que aprovamos uma das leis mais dinâmicas e pioneiras, que serve de parâmetro internacional". A importância da neutralidade da rede foi reforçada, pois "diferenciar quem vai acessar ou não determinado conteúdo só iria acentuar e dificultar a meta do Governo de dar oportunidades para todos". A ministra lembrou ainda que as situações de violência, preconceito e discriminação presenciadas no ambiente off-line têm se transportado para a Internet. "Se temos políticas públicas para combater e evitar casos como esses no mundo real, também precisamos cada vez mais de iniciativas no mundo virtual", salientou.