COVID-19 mudou o perfil das compras on-line, aponta pesquisa liderada pela UNCTAD
NIC.br apoiou a iniciativa e coletou resultados comparáveis por meio do Painel TIC COVID-19
A pandemia acelerou a mudança em direção a um mundo mais digital e desencadeou mudanças nos hábitos de compras on-line, que provavelmente terão efeitos duradouros.
A pandemia COVID-19 mudou hábitos de compras on-line, é o que aponta pesquisa com cerca de 3.700 consumidores em nove economias emergentes e desenvolvidas.
A pesquisa, intitulada “COVID-19 e E-commerce”, examinou como a pandemia afetou a maneira pela qual os consumidores realizam comércio eletrônico e usam soluções digitais. O estudo traz dados do Brasil, China, Alemanha, Itália, República da Coréia, Rússia, África do Sul, Suíça e Turquia.
Durante a pandemia, mais da metade dos entrevistados da pesquisa declararam fazer compras on-line com mais frequência e confiar mais na Internet para obter notícias, informações relacionadas à saúde e entretenimento digital.
Segundo a pesquisa, os consumidores de economias emergentes foram os que mais realizaram as compras on-line.
“A pandemia COVID-19 acelerou a mudança em direção a um mundo mais digital. As mudanças que realizarmos agora terão efeitos duradouros à medida que a economia mundial começa a se recuperar ”, afirmou o secretário geral da United Nations Conference on Trade and Development – UNCTAD (em português, Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento), Mukhisa Kituyi.
O secretário afirma ainda que a aceleração global das compras on-line evidencia a urgência de garantir que todos os países possam aproveitar as oportunidades oferecidas pela digitalização à medida que o mundo passa da resposta à pandemia para a recuperação.
As compras on-line aumentam, mas os gastos do consumidor diminuem
A pesquisa realizada pela UNCTAD e NetComm Suisse eCommerce Association, em colaboração com o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) para a produção dos dados referentes ao Brasil e a Inveon, mostra que as compras on-line aumentaram de 6 a 10 pontos percentuais na maioria das categorias de produtos.
Os maiores aumentos são nas categorias de produtos eletrônicos e relacionados às TIC, jardinagem e “faça você mesmo”, produtos farmacêuticos, educação, móveis e produtos domésticos e cosméticos ou produtos para cuidados pessoais (Figura 1).
No entanto, o gasto médio mensal on-line por comprador caiu significativamente (Figura 2). Os consumidores das economias emergentes e desenvolvidas adiaram gastos maiores, sendo que os primeiros se concentraram mais em produtos essenciais.
Os setores de turismo e viagens sofreram as maiores quedas, com o gasto médio por comprador on-line caindo 75%.
“Durante a pandemia, os hábitos de consumo on-line no Brasil se alteraram significativamente, com uma proporção maior de usuários de Internet comprando produtos essenciais, como alimentos, bebidas, cosméticos e medicamentos” afirmou Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), departamento do NIC.br responsável pela pesquisa no Brasil.
O incremento nas compras on-line durante a COVID-19 difere entre os países, com o maior aumento observado na China e na Turquia, e o menor na Suíça e na Alemanha, países nos quais mais pessoas já se encontravam engajadas no comércio eletrônico.
A pesquisa aponta que que a realização de compras on-line cresceu mais intensamente entre mulheres e indivíduos com ensino superior. Consumidores de 25 a 44 anos também reportaram maior incidência de comércio eletrônico em comparação com os mais jovens. No caso do Brasil, o aumento foi maior entre a população de condição sociodemográfica mais vulnerável e entre as mulheres.
Além disso, de acordo com a pesquisa, pequenos comerciantes na China estavam mais equipados para vender seus produtos on-line, enquanto os da África do Sul estavam menos preparados.
“As empresas que colocam o comércio eletrônico no centro de suas estratégias de negócios estão preparadas para a era pós-COVID-19” afirmou Yomi Kastro, fundador e CEO da Inveon. “Há uma enorme oportunidade de avanço nas indústrias mais voltadas às compras físicas, como bens de consumo não duráveis e produtos farmacêuticos”.
“No mundo pós-COVID-19, o crescimento sem paralelo do comércio eletrônico irá alterar as estruturas de varejo nacionais e internacionais” disse Carlo Tereni, presidente da NetComm Suisse eCommerce Association.
“É por esse motivo que os formuladores de políticas devem adotar medidas concretas para facilitar a adoção do comércio eletrônico em pequenas e médias empresas, fomentar talentos na área e atrair investidores internacionais em comércio eletrônico”.
Gigantes digitais ficam mais fortes
De acordo com a pesquisa, as plataformas de comunicação mais utilizadas são WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger, todas de propriedade do Facebook.
No entanto, o Zoom e o Microsoft Teams foram os que mais se beneficiaram com o aumento do uso de aplicativos de chamada por vídeo nos locais de trabalho.
Na China, as principais plataformas de comunicação são WeChat, DingTalk e Tencent Conference, mostra a pesquisa.
As mudanças vieram para ficar
Os resultados da pesquisa sugerem que as mudanças nas atividades on-line provavelmente durarão para além da pandemia COVID-19.
A maioria dos entrevistados, especialmente na China e na Turquia, disseram que continuariam comprando on-line e se concentrando em produtos essenciais no futuro.
Eles também continuariam a viajar mais localmente, o que sugere um impacto duradouro no turismo internacional.
Fonte: https://unctad.org/en/pages/newsdetails.aspx?OriginalVersionID=2487