Debate sobre políticas culturais marca lançamento da publicação TIC Cultura 2016
IX Seminário Internacional de Políticas Culturais dedicou primeiro dia de atividades para apresentação e discussão da pesquisa do Cetic.br
O IX Seminário Internacional de Políticas Culturais dedicou o seu primeiro dia de atividades, na última terça-feira (15), ao lançamento da publicação TIC Cultura 2016, conduzida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O evento, realizado em parceria pela Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), a Cátedra UNESCO de Políticas Culturais e Gestão – FCRB e o Observatório Itaú Cultural, contou com a participação de pesquisadores, gestores e demais interessados para discutir os indicadores do estudo e questões relacionadas a políticas culturais e tecnologias digitais.
Durante a abertura do evento, Marta de Senna, presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, reforçou o caráter indispensável das tecnologias de informação e comunicação (TIC) para o desenvolvimento de trabalhos intelectuais e para a sua disseminação. Adauto Soares, coordenador de Comunicação e Informação da UNESCO no Brasil, enfatizou que o setor de cultura necessita de dados e série histórica sobre o uso das TIC, lembrando que o Cetic.br é um centro de categoria II da UNESCO e enaltecendo o legado do CGI.br e do NIC.br para a Internet no Brasil.
Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br, chamou atenção para a metodologia internacionalmente comparável das pesquisas produzidas pelo Cetic.br, assim como a sua contribuição para o desenvolvimento de políticas públicas. “Somos um termômetro, um balizador, um gerador de dados e mapeador do cenário. Com o trabalho desenvolvido pelo Cetic.br, estamos proporcionando indicadores e dados bastante sólidos à comunidade, que refletem a realidade de cada setor e servem para embasar as decisões de gestores públicos”, afirmou.
TIC Cultura 2016
Indicadores sobre a infraestrutura de TIC e o uso dessas tecnologias nos equipamentos culturais brasileiros – entre eles, arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros – foram apresentados no Seminário pela coordenadora da pesquisa TIC Cultura, Luciana Lima. “De que forma esses espaços podem ser pontos de acesso à Internet? Em que medida as instituições culturais contribuem para a inclusão digital? Os indicadores sobre a disponibilização de Wi-Fi estão abaixo de 50% em todos os tipos de equipamentos culturais, o que mostra que essa ferramenta ainda é pouco difundida”, destacou.
O estudo também revelou que o uso das plataformas on-line (websites e redes sociais) pelos equipamentos culturais brasileiros está mais voltado à divulgação de notícias e atividades das instituições do que à difusão de conteúdos culturais pela Internet. A TIC Cultura 2016 mostrou, por exemplo, a presença significativa de acervos em todas as categorias de equipamentos culturais, destacando a digitalização dos materiais entre arquivos (74%), pontos de cultura (63%) e museus (58%). Porém, mesmo entre aqueles que possuem acervo digitalizado, a maior parte o disponibiliza para o público na própria instituição e não de forma on-line.
Realizada entre novembro de 2016 e abril de 2017, a TIC Cultura entrevistou 2.389 equipamentos culturais e apresenta indicadores sobre a percepção das contribuições e desafios para o uso de computador e Internet para a gestão interna e o contato com os públicos dessas instituições. A publicação, que reúne dados, tabelas, análises e artigos de especialistas, está disponível para download gratuitamente. A pesquisa também está disponível na íntegra no sítio do Cetic.br.
Debate
“Como reagir ao cenário apresentado pela pesquisa?” Moderador do debate, Fabio Senne, coordenador de pesquisas do Cetic.br, estimulou a discussão a partir do questionamento. Alessandra Garcia (Ibram) trouxe a perspectiva dos museus, explicando como se dá a produção de bases de dados do cadastro nacional de museus. Ela comentou que os dados da TIC Cultura mostram que o acesso à Internet não está universalizado nessas instituições e também há ausência de computadores, o que ajuda a justificar uma série de ações para os museus. Ela ressaltou ainda a importância de que eles estejam conectados em rede para solucionar problemas a partir do contato com os pares.
“No âmbito dos atores públicos é fundamental nos apropriarmos de pesquisas como a TIC Cultura para qualificar a tomada de decisões. Aí está a grande dificuldade. Estamos nos valendo pouco dos dados para a definição de um planejamento estratégico”, pontuou Claudinéli Moreira Ramos (SECULT/SP). A informatização e capacitação para o uso das TIC devem ser encaradas como prioridades, na opinião da especialista, que destacou ainda o uso das TIC para ampliar a participação na gestão cultural, seja por meio de consultas públicas ou outras ferramentas on-line.
Produtores de dados, Leonardo Athias (IBGE) e Luana Rufino (Ancine) apresentaram informações complementares aos dados da TIC Cultura. Athias destacou que a pesquisa de informações básicas municipais (MUNIC) do IBGE, respondida pelas prefeituras desde 1999, possui um bloco sobre a existência de equipamentos culturais e meios de comunicação nos municípios brasileiros. “O suplemento de cultura da MUNIC/ESTADIC 2018 está em campo atualmente, com a divulgação de resultados prevista para maio ou junho de 2019”, informou. Rufino, por sua vez, detalhou a perspectiva do cinema a partir de dados obtidos pela Ancine por obrigação regulatória, apresentando o cenário de digitalização do parque exibidor como fundamental para a universalização das TIC entre estes equipamentos.
Confira as discussões na íntegra em https://www.youtube.com/watch?v=SBc_dmZIepM.