Estudo inédito do Cetic.br destaca potencial da Internet para ampliar práticas culturais
Lançamento da publicação foi marcado por debate com especialistas
Primeiro estudo brasileiro a investigar a influência das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas práticas culturais da população, o projeto TIC Cultura teve o resultado de sua etapa inicial – de abordagem qualitativa – lançado na última segunda-feira (21) com um debate entre especialistas no Centro de Pesquisa e Formação do SESC, em São Paulo.
A publicação “Cultura e Tecnologias no Brasil: um estudo sobre as práticas culturais da população e o uso das tecnologias de informação e comunicação” traz, entre as suas principais constatações, o potencial da Internet para ampliar as práticas culturais no Brasil. Esse impacto é percebido, principalmente, pela maior disponibilidade de bens culturais propiciada pelas TIC e pela flexibilidade nas formas de acesso aos conteúdos on-line, que independem de horários definidos ou do acesso a determinados locais, funcionando também como alternativa à baixa oferta cultural em determinadas localidades.
O livro faz parte da série "Estudos Setoriais" do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), e está disponível para download por meio do endereço: http://cetic.br/publicacao/cultura-e-tecnologias-no-brasil/.
"A intersecção entre cultura e tecnologia está nas agendas internacionais, como é o caso da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação e da Agenda 2030 da ONU. Portanto, produzir estudos e debates sobre este tema é fundamental para as políticas culturais no país. Medir como os brasileiros estão tendo acesso a práticas culturais por meio das TIC é crucial para saber onde estamos e como podemos avançar”, enfatizou Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, no início do debate, que contou com a participação de Isaura Botelho (Sesc-SP), Maria Carolina Oliveira (Cebrap) e Luciana Lima (Cetic.br).
“É necessário observar como a Internet cumpre a expectativa de democratização das práticas culturais. Esse é um potencial a ser explorado e depende de políticas que o estimulem. O que observamos são práticas de sociabilidade que sofrem um desenvolvimento fantástico, potencializadas pelo uso de redes sociais, principalmente entre os jovens. Considero essa socialização um fator cultural importantíssimo e muito interessante”, destacou a especialista Isaura Botelho.
Para Maria Carolina Oliveira, a Internet não deve ser vista como solução para os problemas de desigualdade no acesso à cultura. "Se para alguns a Internet abre um mar de possibilidades, para outros que não tem acesso à rede ou conhecimento para utilizá-la, a distância se torna ainda maior".
Realizada a partir de grupos focais em diferentes municípios brasileiros e com indivíduos de diversos perfis etários e socioeconômicos, a pesquisa qualitativa revela ainda que as TIC possibilitam a diminuição dos custos de acesso e maximizam o consumo de conteúdos gratuitos. Já em relação à diversidade cultural no ambiente digital, o estudo mostra que os produtos da indústria cultural de países desenvolvidos são em geral tidos como superiores, porém, sobretudo nas regiões Nordeste e Norte, observa-se a valorização de manifestações culturais nacionais e regionais.
"Outro desafio apontado pelo estudo está na concentração das práticas culturais em poucas plataformas. A descoberta do 'novo' acaba vindo por meio dessas redes, limitando a circulação de produções independentes ou de fora do circuito comercial", pontua Luciana Lima. Na dimensão criativa, o estudo mostra o aumento da criação de conteúdos on-line, a partir de ferramentas mais acessíveis para a produção e difusão de conteúdos audiovisuais.
“A expectativa é que a realização de pesquisas em torno do tema possa subsidiar a implementação de políticas públicas que alinhem a perspectiva da inclusão digital à promoção dos direitos culturais, garantindo acesso à infraestrutura, formação de repertório para o consumo e desenvolvimento de habilidades para produção de conteúdo on-line", reforçou Alexandre Barbosa (Cetic.br).
Além da realização da etapa qualitativa, o projeto TIC Cultura contempla ainda duas abordagens quantitativas complementares que ainda serão lançadas: a investigação da adoção das TIC em equipamentos culturais (bibliotecas, museus, arquivos, teatros, salas de cinema, bens tombados e pontos de cultura) e sua apropriação tanto na rotina interna de funcionamento quanto na relação com os públicos destas instituições; e a produção de indicadores quantitativos sobre práticas culturais on-line da população brasileira, que tem como ponto de partida as questões levantadas pelo estudo qualitativo.
Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, departamento do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre a disponibilidade e uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br é um Centro Regional de Estudos, sob os auspícios da UNESCO. Mais informações em http://www.cetic.br/.
Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (http://www.nic.br/) é uma entidade civil, de direito privado e sem fins de lucro, que além de implementar as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil, tem entre suas atribuições: coordenar o registro de nomes de domínio — Registro.br (http://www.registro.br/), estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil — CERT.br (http://www.cert.br/), estudar e pesquisar tecnologias de redes e operações — Ceptro.br (http://www.ceptro.br/), produzir indicadores sobre as tecnologias da informação e da comunicação — Cetic.br (http://www.cetic.br/), implementar e operar os Pontos de Troca de Tráfego — IX.br (http://ix.br/), viabilizar a participação da comunidade brasileira no desenvolvimento global da Web e subsidiar a formulação de políticas públicas — Ceweb.br (http://www.ceweb.br ), e abrigar o escritório do W3C no Brasil (http://www.w3c.br/).
Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (http://www.cgi.br/principios). Mais informações em http://www.cgi.br/.
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