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Painel TIC COVID-19 aponta aumento do comércio eletrônico e das atividades culturais on-line durante a quarentena


13 AGO 2020



Considerando um universo de mais de 100 milhões de pessoas, levantamento aborda o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) durante a pandemia do novo coronavírus


A Internet tem sido ferramenta indispensável para o enfrentamento dos efeitos da pandemia COVID-19, e gerou mudança nos hábitos dos brasileiros nesse período. O comércio eletrônico e as atividades culturais on-line apresentaram alta: 66% dos usuários de Internet de 16 anos ou mais afirmaram fazer compras de produtos ou serviços on-line, proporção que era de 44% para a mesma população em 2018. Da mesma maneira, as transmissões on-line de áudio e vídeo em tempo real ganharam maior projeção no período: em relação a 2016, a proporção de usuários de Internet que acompanharam lives praticamente dobrou. É o que aponta o Painel TIC COVID-19, desenvolvido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Divulgado hoje (13 de agosto) em transmissão pelo canal do NIC.br no YouTube, o estudo apresentou dados inéditos sobre atividades na Internet, cultura e comércio eletrônico, tendo como referência os indicadores da pesquisa TIC Domicílios. O levantamento estima os hábitos on-line para um universo de cerca de 100 milhões de usuários de Internet a partir de 16 anos de idade. Foram realizadas entrevistas pela web e por telefone, entre os dias 23 de junho e 8 de julho de 2020. Entre os temas avaliados estão os dispositivos utilizados para acesso à rede, o tipo de conexão pelo celular e atividades de comunicação, a busca de informação e o acesso a serviços, atividades culturais, de educação e de trabalho, com recortes por faixa etária, escolaridade, macrorregião e classe.

“Em um cenário em que atividades relacionadas ao trabalho, o ensino e mesmo o acesso a programas sociais emergenciais passaram a dar-se de maneira predominantemente remota, é fundamental medir os hábitos dos usuários de Internet e compreender como o novo cenário tem modificado a relação desses indivíduos com a rede”, analisa Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

Comércio on-line durante o isolamento
O Painel TIC COVID-19 registrou aumento dos usuários de Internet que realizam compras on-line em todas as regiões do País, com incremento maior entre as mulheres – passando de 39% em 2018 para 70% em 2020, para o mesmo recorte populacional. Também houve aumento na proporção de usuários que compraram comida ou produtos alimentícios, bem como cosméticos e medicamentos. O percentual de usuários de Internet que fizeram pedidos de refeições via portais ou aplicativos de vendas triplicou, comparado com o resultado registrado há dois anos, e passou de 15% para 44% durante a pandemia.

Outro ponto observado foi o aumento da comunicação direta entre empresas e consumidores, via aplicativos de mensagens instantâneas para mediar a compra de produtos ou serviços, que passou de 26% em 2018 para 46% na quarentena. “O comércio eletrônico foi fundamental nesse momento de distanciamento social. Os dados do Painel TIC COVID-19 confirmam a tendência de avanço das transações econômicas pela Internet, acelerando um movimento que já vinha ocorrendo entre os consumidores e as empresas ao longo dos últimos anos”, ressalta Barbosa.

Cultura na pandemia
O consumo de músicas e vídeos on-line também se ampliou durante a quarentena, sobretudo nas classes mais altas, entre mulheres e pessoas com 35 a 59 anos. O pagamento por serviços de streaming de filmes e séries cresceu principalmente nas classes mais baixas, enquanto os de música tiveram maior adesão entre as classes mais altas. Apesar do crescimento, as plataformas que disponibilizam conteúdos sob demanda ainda não são acessíveis para a maioria dos usuários de Internet no Brasil, tendo adesão de 43% deles no caso de filmes e séries e 16% no caso de músicas.

As transmissões on-line de áudio e vídeo em tempo real foram as que mais ganharam projeção no período, sendo acompanhadas por 64% dos usuários de Internet brasileiros. Embora o resultado evidencie o fenômeno das lives, a atividade segue predominante entre espectadores das classes mais altas, sendo realizada por 76% deles nas classes AB em comparação com 47% nas classes DE.

“Os resultados do Painel TIC COVID-19 no âmbito da cultura evidenciam um deslocamento da fruição cultural para o ambiente doméstico, como resultado das medidas de isolamento social. Isso ocorreu de maneira mais notável, entretanto, entre os usuários de Internet das classes mais altas e com maior escolaridade, indicando que as desigualdades tradicionalmente observadas no acesso a conteúdo pela Internet se mantiveram e, em alguns casos, se ampliaram no período”, afirma Barbosa.

Outras atividades on-line
Entre os destaques para outras atividades realizadas na rede, há um aumento expressivo na utilização de serviços públicos e financeiros pela Internet durante a pandemia, com avanço maior nas classes C e DE e entre os usuários de Internet com menor escolaridade. Apesar do aumento verificado, esses grupos ainda fazem uso de serviços financeiros e de governo eletrônico em menores proporções que os usuários de Internet das classes AB e os com maior escolaridade.

A pesquisa também registrou um aumento das atividades e pesquisas escolares pela Internet, reflexo da suspensão das aulas presenciais. Fora do ambiente escolar, notou-se uma ampliação da realização de cursos on-line e de estudo por conta própria na Internet, sobretudo entre os usuários com menor escolaridade e das classes C e DE. Essas atividades, no entanto, ainda são oportunidades aproveitadas em maior proporção pelos usuários com maior escolaridade e das classes AB.

O Painel TIC COVID-19 contará com mais duas edições, que abordarão, respectivamente: serviços públicos on-line, privacidade e telessaúde; e ensino e trabalho remotos. Mais informações sobre os próximos painéis serão divulgadas em breve. “O CGI.br reafirma seu compromisso de prover o governo e a sociedade de estatísticas robustas e atualizadas sobre a sociedade da informação. A disponibilização de informação de qualidade sobre o uso das TIC durante a pandemia oferece insumos relevantes para políticas públicas baseadas em evidências e para a promoção do bem-estar da população”, avalia Maximiliano Martinhão, Coordenador do CGI.br.

Acesse a lista completa de indicadores (https://cetic.br/pt/pesquisa/tic-covid-19/indicadores/) e a publicação Painel TIC COVID-19 (https://cetic.br/pt/publicacao/painel-tic-covid-19-pesquisa-sobre-o-uso-da-internet-no-brasil-durante-a-pandemia-do-novo-coronavirus-1-edicao/).

Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre a disponibilidade e o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br é um Centro Regional de Estudos, sob os auspícios da UNESCO. Mais informações em http://www.cetic.br/.

Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (http://www.nic.br/) é uma entidade civil, de direito privado e sem fins de lucro, que além de implementar as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil, tem entre suas atribuições: coordenar o registro de nomes de domínio — Registro.br (http://www.registro.br/), estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil — CERT.br (http://www.cert.br/), estudar e pesquisar tecnologias de redes e operações — Ceptro.br (http://www.ceptro.br/), produzir indicadores sobre as tecnologias da informação e da comunicação — Cetic.br (http://www.cetic.br/), implementar e operar os Pontos de Troca de Tráfego — IX.br (http://ix.br/), viabilizar a participação da comunidade brasileira no desenvolvimento global da Web e subsidiar a formulação de políticas públicas — Ceweb.br (http://www.ceweb.br), e abrigar o escritório do W3C no Brasil (http://www.w3c.br/). 

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (http://www.cgi.br/principios). Mais informações em http://www.cgi.br/.

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