CETIC.br debate papel dos educadores no uso crítico da Internet por crianças e adolescentes
Os desafios do uso crítico das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) por crianças e adolescentes nas escolas e domicílios brasileiros foram temas de discussão, esta semana, no auditório do Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo. O debate contou com a presença de especialistas brasileiros e estrangeiros dedicados ao universo da educação, e marcou o lançamento das publicações das pesquisas TIC Educação 2013 e TIC Kids Online Brasil 2013, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br), que tiveram seus principais resultados apresentados durante o evento.
Com o tema "O papel dos educadores na formação de crianças e adolescentes para o uso crítico das TIC", o encontro reuniu Guilherme Canela, do Escritório Regional de Ciência da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para América Latina e Caribe, Maria Luiza Belloni, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mario Volpi, da Agência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Venâncio Massingue, do Instituto de Investigação em Ciência, Inovação e TIC em Moçambique, com a mediação do jornalista e consultor em Comunicação e Direitos, Veet Vivarta.
No discurso de abertura do encontro, o diretor-presidente do NIC.br, Demi Getschko, chamou atenção para um dado revelado pela pesquisa TIC Kids Online Brasil 2013. A proporção de crianças e adolescentes que enxergam riscos na Internet é maior do que as dos pais. Apenas 8% dos pais e responsáveis dos jovens acreditam que seu filho tenha passado por alguma situação de incômodo ou constrangimento na Internet, enquanto 77% das crianças e adolescentes avaliam que a Internet possui atributos que podem incomodá-la.
Alexandre Barbosa, gerente do CETIC.br, foi o próximo a discursar. Além de apresentar os principais destaques de cada uma das pesquisas, ele lançou provocações para as políticas públicas relacionadas ao tema. Como os pais podem mediar o uso da Internet por seus filhos se grande parte deles (46%) não é usuária de Internet? Ou de que maneira o uso das TIC nas salas de aula representa efetivamente uma melhoria no desempenho dos alunos? Essas foram algumas questões levantadas por Barbosa.
Debate
O mediador Veet Vivarta iniciou a discussão lembrando que as autoridades devem continuar investindo para que cada vez mais pessoas tenham acesso as TIC. "Temos que comemorar avanços concretos, mas a inclusão digital precisa continuar no nosso foco de atenção", alertou. Guilherme Canela, por sua vez, pontuou que não basta a política pública entregar a infraestrutura e não cobrir capacitação para professores. "Distribuir computadores sem acompanhamento é igual a estar na era da Pedra de Roseta e distribuir pedras. Não é suficiente", comparou.
Maria Luiza Belloni destacou o desafio para formar o uso criativo, crítico, responsável e cidadão para as TIC. "Queremos educar as novas gerações, mas quem nos educa? É preciso saltar etapas", opinou sobre a formação e capacitação dos docentes. Na avaliação da professora, ao formar crianças com arte, ciência e tecnologia, as instituições de ensino forçam os professores a se formarem. Ela ressaltou ainda a responsabilidade dos produtores de mensagens midiáticas que povoam o universo infantil, em consonância com dados sobre consumo de publicidade por crianças revelados na pesquisa TIC Kids Online Brasil 2013.
Mario Volpi abordou a mudança na forma como crianças e adolescentes se relacionam com o conhecimento. E reforçou que os jovens estão cada vez mais multidisciplinares. "Não vamos criar mitos de que a Internet está criando adolescentes mais distraídos", pontuou. Na opinião de Volpi, "os pais não podem desistir de decodificar o universo dos filhos, é preciso potencializar o uso das TIC e não reprimi-las". O moçambicano Venâncio Massingue reforçou a mesma ideia. "Os jovens não devem ver as TIC como ameaças, mas como ferramentas para resolver problemas reais".
Acesse as pesquisas TIC Educação 2013, TIC Kids Online Brasil 2013 e o infográfico com os principais destaques em http://www.cetic.br/
Além disso, assista ao vídeo do debate em nosso canal do Youtube: