Cresce número de crianças e adolescentes que buscam notícias na Internet, aponta Cetic.br
Pesquisa TIC Kids Online Brasil 2017 passou a investigar o uso da rede em atividades de cidadania e engajamento entre crianças e jovens de 9 a 17 anos
A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2017, divulgada nesta terça-feira (18) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), aponta um crescimento relevante no consumo de notícias on-line por crianças e adolescentes brasileiros de 9 a 17 anos: 51% dos jovens conectados leem e/ou assistem a notícias pela Internet. Em 2013 essa proporção era de apenas 34%.
Quanto a práticas realizadas por crianças e adolescentes na Internet, mantém-se a predominância de atividades ligadas à comunicação e ao entretenimento, entre elas: enviar mensagens instantâneas (79%), assistir a vídeos on-line (77%), ouvir música na Internet (75%) e usar redes sociais (73%). Segundo a pesquisa, outra atividade comum é pesquisar na Internet, seja para trabalhos escolares (76%), seja por curiosidade ou vontade própria (64%). "Embora as práticas de comunicação e entretenimento continuem predominantes entre a população jovem, a Internet oferece inúmeras outras oportunidades de desenvolvimento para a cidadania e engajamento", destaca Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
De maneira inédita, a TIC Kids Online aponta que 40% das crianças e adolescentes conectados usam a Internet para conversar com pessoas de outras cidades, países e culturas, 36% delas participam de páginas ou grupos na Internet sobre assuntos de interesse, 28% buscam informações sobre saúde e 22% sobre o que acontece na sua comunidade. Além disso, 12% das crianças e adolescentes conectados conversam na Internet sobre política ou problemas da cidade ou país, e 4% participam de campanhas ou protestos na rede.
Conectividade e dinâmicas de uso
Em sua sexta edição, a TIC Kids Online estima que cerca de oito em cada dez crianças e adolescentes (85%) com idades entre 9 e 17 anos eram usuários de Internet em 2017, o que corresponde a 24,7 milhões de jovens nesta faixa etária em todo o país. Em 2016, essa proporção era 82%. Os resultados apontam também para a persistência de disparidades regionais e socioeconômicas no acesso e uso da rede: nas áreas urbana (90%) e rural (63%); nas regiões Sudeste (93%) e Norte (68%); nas classes AB (98%) e DE (70%).
Ao longo dos últimos anos, a pesquisa observou um crescimento no uso de dispositivos móveis entre crianças e adolescentes para acessar a Internet. Se em 2012, 21% acessaram a rede por meio do celular, em 2017 são 93%, o que representa 23 milhões de crianças e adolescentes. Já o uso da Internet por meio de computadores (considerando-se computadores de mesa, portáteis e tablets) apresentou queda de 37 pontos percentuais: de 90% de crianças e adolescentes, em 2013, para 53%, em 2017.
A pesquisa estima ainda que, em 2017, 44% das crianças e adolescentes usuários de Internet acessaram a rede exclusivamente por meio de telefones celulares, o que representa 11 milhões de jovens. O celular é o principal meio de acesso para crianças e adolescentes da área rural (57%), do Norte (59%) e classe DE (67%).
Conteúdos sensíveis na rede
A TIC Kids Online Brasil 2017 mostra que 39% dos usuários de 9 a 17 anos – o que corresponde a 9,7 milhões de crianças e adolescentes – declararam ter visto formas de discriminação na Internet no último ano, resultado estável em relação a 2015 e 2016, se consideradas as margens de erro amostral. A detecção de conteúdo de discriminação na rede é maior entre meninas (46%) que em relação aos meninos (32%), e entre adolescentes de 15 a 17 anos (54%) se comparado com crianças de 9 a 10 anos (13%). Entre os principais tipos de discriminação identificados estão: cor ou raça (26%), aparência física (16%) e por preferências sexuais (14%).
A pesquisa revelou também que os jovens usuários de Internet com idades entre 11 e 17 anos estão expostos a conteúdos relacionados a ações sobre a aparência física, como formas de emagrecer (19%). Meninas detectam esse conteúdo em proporção (25%) maior que meninos (12%).
Uso seguro da Internet
No que diz respeito ao uso seguro da Internet, 7 em cada 10 crianças e adolescentes conectados utilizaram a Internet com segurança, segundo a declaração dos seus pais ou responsáveis – proporção estável em relação às edições anteriores da pesquisa.
A percepção sobre segurança on-line mostrou-se maior entre pais e responsáveis de escolaridade alta (75% entre os com Ensino Médio ou mais) e das classes AB (72%). "A experiência dos pais e responsáveis na Internet pode ser relevante para compreender a percepção de segurança e riscos on-line. É fundamental que políticas públicas estimulem esse debate entre os adultos, para que eles estejam melhor preparados no tratamento da questão com o público jovem", ressalta Barbosa.
Estratégias de mediação empregadas por pais e responsáveis para o uso da internet apresentaram crescimento importante ao longo das últimas edições da pesquisa. Entre elas estão explicar o que os filhos podem fazer se alguma coisa na Internet incomodar ou aborrecer (de 37%, em 2012, para 73%, em 2017), ensinar formas de usar a Internet com segurança (de 56%, em 2012, para 79%, em 2017), e ensinar como se comportar no relacionamento com outras pessoas na Internet (de 58%, em 2012, para 84%, em 2017).
Sobre a pesquisa
Em sua sexta edição, a pesquisa TIC Kids Online Brasil entrevistou 3.102 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos, bem como seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional. As entrevistas aconteceram entre novembro de 2017 e maio de 2018 para compreender de que forma esse público utiliza a Internet e como lida com os riscos e as oportunidades decorrentes. A TIC Kids Online Brasil segue alinhada com o referencial metodológico da rede europeia EU Kids Online, liderado pela London School of Economics.
O Cetic.br disponibiliza os microdados da 6ª edição da pesquisa para download, além das tabelas completas de proporções, totais e respectivas margens de erro. Acesse a pesquisa na íntegra e faça download de documentos relevantes em: https://cetic.br/pesquisa/kids-online/microdados. Compare a evolução dos indicadores a partir da visualização de dados disponível no endereço: https://data.cetic.br/cetic/explore?idPesquisa=TIC_KIDS.
Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre a disponibilidade e uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br é um Centro Regional de Estudos, sob os auspícios da UNESCO. Mais informações em https://www.cetic.br/.
Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://www.nic.br/) é uma entidade civil, de direito privado e sem fins de lucro, que além de implementar as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil, tem entre suas atribuições: coordenar o registro de nomes de domínio — Registro.br (https://www.registro.br/), estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil — CERT.br (https://www.cert.br/), estudar e pesquisar tecnologias de redes e operações — Ceptro.br (https://www.ceptro.br/), produzir indicadores sobre as tecnologias da informação e da comunicação — Cetic.br (https://www.cetic.br/), implementar e operar os Pontos de Troca de Tráfego — IX.br (https://ix.br/), viabilizar a participação da comunidade brasileira no desenvolvimento global da Web e subsidiar a formulação de políticas públicas — Ceweb.br (https://www.ceweb.br), e abrigar o escritório do W3C no Brasil (https://www.w3c.br/).
Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://www.cgi.br/principios). Mais informações em https://www.cgi.br/.
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