Uso de Inteligência Artificial em equipamentos culturais brasileiros é incipiente, mas digitalização avança, revela pesquisa TIC Cultura 2024
Levantamento do Cetic.br|NIC.br, divulgado nesta terça-feira (7), investigou pela primeira vez a aplicação da IA no setor e identificou que o acesso à Internet está perto da universalização
São Paulo, 7 de outubro de 2025 – O uso de Inteligência Artificial (IA) em equipamentos culturais brasileiros ainda é incipiente, com percentuais de adoção acima de 10% somente em arquivos (20%) e cinemas (16%). Nos demais equipamentos, as proporções foram de 9% em pontos de cultura, 4% em bens tombados, museus e teatros, e 2% em bibliotecas. Os dados inéditos são da TIC Cultura 2024, lançada nesta terça-feira (7) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Em contrapartida, a pesquisa também revela um cenário de avanço na digitalização do setor, com o acesso à Internet praticamente universalizado entre os equipamentos investigados e o fortalecimento da infraestrutura tecnológica das organizações do setor.
Conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), o levantamento, que tem abrangência nacional, entrevistou gestores de sete tipos de equipamentos culturais: arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros.
“Por um lado, o estudo mostra que uma adoção mais estratégica de aplicações baseadas em IA ainda é restrita no setor, por outro lado, os dados demonstram uma maturidade crescente dos equipamentos culturais brasileiros na incorporação das tecnologias digitais, apoiada pela universalização da conectividade e pelo maior uso de dispositivos próprios.”, pontua Alexandre Barbosa, Gerente do Cetic.br.
Os indicadores evidenciam que o acesso à Internet está praticamente universalizado entre os equipamentos investigados, como arquivos e cinemas (100%) e pontos de cultura (96%). Aponta ainda um crescimento relevante da conexão à rede entre os bens tombados, que saltou de 74% em 2022 para 92% em 2024. No entanto, ainda persistem menores proporções de acesso à Internet entre museus (87%) e bibliotecas (83%).
O fortalecimento da infraestrutura digital identificado pelo levantamento se reflete também no aumento da presença de dispositivos de propriedade dos equipamentos, como tablets em arquivos (que passou de 14% em 2022 para 32% em 2024) e teatros (de 17% para 27%), notebooks em bens tombados (de 36% para 65%) e celulares em pontos de cultura (de 28% para 39%).
A proporção de equipamentos que oferecem acesso gratuito via Wi-Fi ao público também aumentou na comparação com os indicadores da última edição, realizada em 2022, com destaque para as bibliotecas (de 54% para 65%), pontos de cultura (de 53% para 64%) e museus (de 40% para 51%). Já a oferta de computadores para o público se manteve estável, sendo mais presente em arquivos (55%) e bibliotecas (41%).
“Os equipamentos culturais brasileiros têm percebido que a conectividade e as tecnologias digitais se tornaram essenciais para suas atividades. O uso da Internet já é praticamente universal nesses equipamentos, com exceção de bibliotecas e museus, cuja presença ainda tem espaço para crescer. A pesquisa também revela um papel central desses equipamentos para a inclusão digital, dada capilaridade de sua atuação em todo o território nacional”, aponta o Gerente do Cetic.br.
Presença online
A presença em plataformas e redes sociais online como Instagram, TikTok ou Flickr cresceu no período, alcançando 87% entre os pontos de cultura (ante 73% em 2022) e 78% dos bens tombados (ante 50% em 2022). O uso de aplicativos de mensagens como WhatsApp ou Telegram também aumentou entre pontos de cultura (de 62% para 72%) e museus (de 24% para 37%), teatros (de 24% para 35%) e bibliotecas (de 12% para 25%).
Por outro lado, após avanço durante a pandemia, a presença de ferramentas de transmissão de vídeos ao vivo/streaming no website recuou entre teatros e cinemas, retornando a patamares observados antes da crise sanitária. No caso dos teatros, o percentual foi de 25% em 2022 para 16% em 2024; nos cinemas, passou de 20% para 12% no mesmo período.
Formação de profissionais
Os resultados de 2024 indicam que os equipamentos culturais priorizam a oferta de treinamentos internos relacionados a tecnologias digitais e privacidade em comparação com cursos externos pagos. Os arquivos são os que mais investem em formação interna, tanto para tecnologias digitais (50%) quanto para privacidade e proteção de dados (51%). Já a oferta de cursos externos é mais limitada: somente 24% dos arquivos pagaram por qualificação sobre tecnologias digitais para suas equipes, e 23%, para privacidade. Por outro lado, apenas 6% dos museus ofereceram cursos externos sobre tecnologias digitais e 7%, sobre privacidade e proteção de dados, e as bibliotecas, com números ainda menores, de 4% e 5%, respectivamente.
"A quinta edição da TIC Cultura evidencia um setor cultural com uma infraestrutura tecnológica mais robusta, marcada pelo maior uso de dispositivos próprios e presença na Internet, um legado importante do esforço de adaptação à pandemia e que pode estar associado ao contexto da ampliação de políticas de fomento no período. Ao mesmo tempo, os dados sobre formação mostram que a capacitação de equipes é um gargalo importante para que a tecnologia seja, de fato, uma aliada", enfatiza Renata Mielli, coordenadora do CGI.br.
TIC Cultura 2024
Realizada desde 2016, a pesquisa TIC Cultura tem como objetivo compreender a presença e a adoção das tecnologias de informação e comunicação nos equipamentos culturais brasileiros, tanto em sua rotina interna de funcionamento quanto na relação com os seus públicos. Os indicadores ajudam a orientar políticas públicas culturais que contribuem com a democratização do acesso à cultura e reforçam a importância do setor no desenvolvimento econômico do país. Ajudam ainda o setor a compreender desafios e oportunidades relacionados à aplicação das TIC no campo da Cultura.
Nesta 5ª edição, foram realizadas, entre outubro de 2024 e abril de 2025, 1.818 entrevistas com gestores de arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros de todas as regiões do país.
A TIC Cultura conta com o apoio institucional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e de um grupo de especialistas vinculados ao governo, a organizações da sociedade civil e a universidades. A lista completa de indicadores pode ser conferida em https://www.cetic.br/pt/pesquisa/cultura/indicadores/.
Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre o acesso e o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br|NIC.br é, também, um Centro Regional de Estudos sob os auspícios da UNESCO, e completa 20 anos de atuação em 2025. Mais informações em https://cetic.br/.
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