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Cetic.br e ENCE discutem uso de big data e inteligência artificial para produção de estatísticas públicas


27 MAI 2019



9th NIC.br Annual Workshop on Survey Methodology reuniu participantes de 13 países

Como o big data e a inteligência artificial podem ser usados para apoiar a produção e a disseminação de estatísticas públicas? Para responder essa e outras questões, renomados especialistas, pesquisadores, formuladores de políticas públicas, representantes da sociedade civil e de organizações internacionais estiveram reunidos em São Paulo, de 20 a 23 de maio, no 9th NIC.br Annual Workshop on Survey Methodology.

O encontro é uma iniciativa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) que em sua nona edição, pela primeira vez, foi coorganizado pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao total, participantes de 13 países trocaram experiências e tiveram a oportunidade de acompanhar palestras e um curso de curta duração com atividades interativas, exemplos práticos e estudos de caso.

Durante o evento, o especialista holandês Jan van den Brakel (Statistics Netherlands/ Maastricht University) apresentou linhas de pesquisa diferentes sobre como o big data pode ser usado na produção de estatísticas oficiais, a partir de projetos realizados pela Statistics Netherlands. De forma complementar, o keynote speaker Danny Pfeffermann (Central Bureau of Statistics of Israel) destacou as vantagens e os desafios da produção de estatísticas oficiais a partir de diferentes fontes de dados.

Outro destaque do Workshop foi o lançamento da versão em português do Going Digital Toolkit, ferramenta da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que inclui indicadores e diretrizes que podem apoiar os países a concretizar promessas da transformação digital. O toolkit foi apresentado no evento por Daniel Ker (OCDE).

Inteligência artificial
Questões relacionadas ao universo da inteligência artificial também foram detalhadas por especialistas renomados. Com base na experiência da Data-Pop Alliance, Emmanuel Letouzé aprofundou a discussão sobre como o big data e a inteligência artificial podem ajudar a monitorar e promover o desenvolvimento humano sustentável, enquanto Johannes Bauer (Michigan State University) abordou técnicas que podem apoiar a formulação de políticas, citando, por exemplo, temas como neutralidade de rede e a implantação de 5G.

Já as implicações éticas da inteligência artificial foram destacadas por Diogo Cortiz (Ceweb.br/NIC.br e PUC-SP) e Caitlin Sampaio Mulholland (PUC-RJ). Cortiz enfatizou a importância do design para identificar as necessidades das pessoas e incorporá-las aos sistemas de inteligência artificial. “É importante compreender as necessidades das pessoas em diferentes culturas ao redor do mundo, e incorporá-las nos sistemas de inteligência artificial, para prevenir riscos de violação aos direitos humanos e evitar quaisquer tipos de discriminação e vieses.”

De forma adicional, Mulholland destacou a relevância dos vieses dos profissionais de tecnologia que desenvolvem algoritmos. "Máquinas assumem valores e funcionam como ditado por seus criadores. Hoje, a maioria dos programadores das grandes empresas de tecnologia é formada por homens brancos. Não é difícil ver que esse tipo de força de trabalho não vai nos levar à realidade ou precisão. As consequências são soluções de inteligência artificial com vieses, preconceito, falta de empatia e possíveis enganos estatísticos", alertou. Uma das alternativas defendidas pela especialista é garantir que programadores recrutados para projetos de inteligência artificial possuam backgrounds diversos.

Em complemento às palestras, a programação do 9th NIC.br Annual Workshop on Survey Methodology abrigou nos dias 22 e 23 de maio o curso "Amostragem para Pesquisas Quantitativas e Qualitativas". Pamela Campanelli (The Survey Coach) explicou a importância de uma amostragem de boa qualidade e como implementá-la, cobrindo aspectos sobre a construção de um quadro de amostragem, tipos de amostras de probabilidade, o que é erro de amostragem, como determinar o tamanho da amostra, entre outras questões.

Também durante o evento, foi lançado o livro “Medição da saúde digital: recomendações metodológicas e estudos de caso”, uma produção do Cetic.br/NIC.br e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A publicação busca fomentar a produção e análises de dados sobre a adoção, uso e apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no setor da saúde.

Confira o álbum de fotos do 9th NIC.br Annual Workshop on Survey Methodology:

https://www.flickr.com/photos/nicbr/albums/72157708842365657