Uso da Internet avança em áreas rurais durante a pandemia, revela nova edição da TIC Domicílios
De acordo com a pesquisa do CGI.br, conexões via fibra óptica e computadores ainda seguem menos presentes nessas localidades
A proporção de usuários de Internet nas áreas rurais cresceu no Brasil em comparação ao período que antecede a pandemia, passando de 53% dos indivíduos de 10 anos ou mais em 2019 para 73% em 2021. O dado faz parte da pesquisa TIC Domicílios 2021, lançada nesta terça-feira (21) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), o levantamento apresenta os indicadores mais recentes sobre o acesso e o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no país. A pesquisa estima que, em 2021, 81% da população de 10 anos ou mais usou a Internet nos últimos três meses – o que corresponde a 148 milhões de indivíduos. Também foi registrado um aumento significativo na proporção de usuários da rede nas regiões Norte (83%), Sul (83%) e Nordeste (78%) em relação a 2019.
“A 17ª edição da pesquisa confirma a relevância do acesso à Internet no contexto proporcionado pela emergência da COVID-19, em especial com o avanço das atividades de trabalho e estudo remotos. Em comparação ao período que antecede a crise sanitária, houve uma ampliação da presença da Internet nos domicílios e de seu uso por indivíduos, sobretudo, nas áreas rurais”, destaca Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.
Acesso nos domicílios
Em comparação aos dados coletados em 2019, a presença de conexão de Internet nos domicílios aumentou em todos os estratos analisados, notadamente, nas classes DE (61%, aumento de 11 pontos percentuais). Do ponto de vista da conectividade, a disparidade entre os domicílios das classes A e DE vem diminuindo nos últimos anos, sendo que a diferença entre esses estratos passou de 85 pontos percentuais em 2015 para 39 pontos em 2021.
Os domicílios das áreas rurais brasileiras também estão mais conectados à Internet. Entre 2019 (período pré-pandemia) e 2021, houve um acréscimo de 20 pontos percentuais na proporção de residências com acesso à rede nessas regiões, passando de 51% para 71%.
Entre os domicílios conectados, a presença de cabo ou fibra óptica como o principal tipo de conexão à rede ocorre em 61% dos domicílios. A penetração de conexão via cabo ou fibra óptica é menor nas regiões Norte (53%) e Nordeste (54%). Na região Norte também é maior o percentual de domicílios que tem as redes móveis como principal tipo de conexão (33%).
A presença de computadores nos domicílios, entretanto, manteve-se em 39%, patamar semelhante ao observado em 2019 (período pré-pandemia). Enquanto houve um cenário de estabilidade nos domicílios das classes mais altas, onde o computador já é mais presente (99% nos domicílios da classe A e 83% nos da classe B), nas classes DE, a proporção de domicílios com computador diminuiu de 14% em 2019 para 10% em 2021. Nas áreas rurais, a presença de computador nos domicílios é mais reduzida (20%) em comparação aos domicílios em localidades urbanas (42%).
Dispositivos para o uso da rede
Em 2021, os aparelhos de televisão superaram os computadores, se consolidando como o segundo dispositivo mais utilizado para acessar à rede – passando de 37% dos usuários, em 2019, para 50%, em 2021. Esse aumento foi observado em quase todos os estratos analisados, principalmente entre aqueles de 35 a 44 anos (59%), usuários da região Norte (45%) e entre as mulheres (51%). Ao todo, 74 milhões de indivíduos acessaram a Internet usando a televisão, um acréscimo de 25 milhões de usuários no período.
A pesquisa também revelou a prevalência do uso exclusivo do telefone celular para acessar a rede (64% dos usuários de Internet). Principal dispositivo de acesso à Internet desde 2015, houve um aumento de 6 pontos percentuais no uso exclusivo do telefone celular entre 2019 e 2021. O indicador é maior entre os que vivem nas áreas rurais (83%), no Nordeste (75%), entre pretos (65%) e pardos (69%), de 60 anos ou mais (80%) e aqueles que pertencem às classes DE (89%). Entre os usuários da classe C, o acesso à Internet exclusivamente pelo celular passou de 61% em 2019 para 67% em 2021, atingindo um contingente de 51 milhões de pessoas.
“A despeito da demanda por conectividade criada pela pandemia, não houve uma grande incorporação de computadores nos domicílios brasileiros. O seu uso ocorre principalmente entre as pessoas das classes mais altas e mais escolarizadas. Estas, aliás, tendem a usar a Internet a partir de múltiplos dispositivos e se conectam tanto pela rede móvel quanto por Wi-Fi, o que facilita a realização de um gama maior de atividades na rede. Este fator tem um impacto importante no desenvolvimento de habilidades digitais”, aponta Barbosa.
Comércio eletrônico
Em 2021, 46% dos usuários de Internet fizeram compras na Internet contra 39%, em 2019. Em números absolutos, significa dizer que 68 milhões de pessoas realizaram essa atividade em 2021, quase 16 milhões a mais que antes do início da pandemia. Os usuários de Internet que vivem nas regiões rurais também passaram a realizar compras online em maiores proporções (de 19%, em 2019, para 27%, em 2021).
As maiores diferenças no período foram observadas entre usuários de 35 a 44 anos (56%, aumento de 12 pontos percentuais) e pertencentes à classe C (49%, 13 pontos percentuais), embora essa atividade siga sendo realizada em maiores proporções por usuários da classe A (90%).
Serviços públicos
A proporção de usuários de Internet com 16 anos ou mais que utilizaram serviços de governo eletrônico passou de 68%, em 2019, para 70%, em 2021. Cerca de 93 milhões de brasileiros afirmaram realizar algum tipo de serviço de governo eletrônico no período, um acréscimo de 12 milhões de indivíduos entre 2019 e 2021. Os aumentos mais significativos ocorreram na região Sul do país (de 69%, em 2019, para 80%, em 2021), entre pessoas com renda familiar de três a cinco salários-mínimos (de 79% para 88%) e aquelas na força de trabalho (de 74% para 79%).
Entre os tipos de serviço público analisadas pela pesquisa, os relacionados à saúde foram os mais buscados ou realizados em 2021, sobretudo entre usuários da classe B (44%), com Ensino Superior (44%) e os na faixa etária de 45 a 59 anos (34%) – em 2019, foram 25%, 28% e 20%, respectivamente. “Como um reflexo da pandemia, predominou o acesso a serviços eletrônicos relacionados à saúde pública, como agendamento de consultas, busca de informações sobre a vacinação entre outras formas de interação com os sistemas de saúde”, comenta o gerente do Cetic.br|NIC.br.
Atividades culturais
Entre as atividades realizadas pela Internet, ouvir podcasts foi a que mais cresceu em relação ao período pré-pandemia. De acordo com a 17ª edição da TIC Domicílios, 28% dos usuários de Internet disseram ter ouvido um podcast em 2021 (em 2019, eram 13%). Em 2021, 41 milhões de pessoas realizaram essa atividade, cerca de 24 milhões a mais que em 2019.
Assim como verificado em 2019, as atividades de assistir a vídeos, programas, filmes ou séries pela Internet (61%) e ouvir músicas (61%) estiveram entre as atividades culturais online mais citadas pelo conjunto da população brasileira. Quanto ao pagamento por serviços que dão acesso a conteúdos culturais, os maiores aumentos, em relação a 2019, ocorreram no pagamento para ver filmes (acréscimo de 7 milhões de indivíduos) e séries (acréscimo de 9 milhões), incremento que ocorreu com maior intensidade entre indivíduos da classe C.
“A pesquisa revela mudanças importantes em termos de conectividade, especialmente em áreas rurais, e também o crescimento da televisão enquanto dispositivo de acesso à Internet. A TIC Domicílios cumpre um papel fundamental de auxiliar o poder público e a sociedade na proposição de políticas que visem a melhorar o acesso à Internet, expondo desafios e indicando oportunidades para avanços”, completa José Gontijo, coordenador do CGI.br.
Sobre a pesquisa
Realizada anualmente desde 2005, a TIC Domicílios tem o objetivo de medir a posse, o uso, o acesso e os hábitos da população brasileira em relação às Tecnologias da Informação e Comunicação. Em razão das medidas de distanciamento social provocadas pela pandemia COVID-19, em 2020 a pesquisa teve a sua metodologia adaptada, sendo realizada preferencialmente pelo telefone. Já em 2021, a pesquisa voltou a adotar um modelo de coleta integralmente presencial. Os dados foram coletados entre outubro de 2021 e março de 2022, e incluiu 23.950 domicílios e 21.011 indivíduos de 10 anos ou mais.
Para conferir a lista completa de indicadores, acesse: https://cetic.br/pt/pesquisa/domicilios/indicadores/. O lançamento online está disponível na íntegra em https://youtu.be/_VuyE1zGNiA.
Sobre o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação – Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre o acesso e o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br|NIC.br é, também, um Centro Regional de Estudos sob os auspícios da UNESCO, e completou 16 anos de atuação em 2021. Mais informações em https://cetic.br/.
Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://nic.br/) é uma entidade civil de direito privado e sem fins de lucro, encarregada da operação do domínio .br, bem como da distribuição de números IP e do registro de Sistemas Autônomos no País. O NIC.br implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br desde 2005, e todos os recursos arrecadados provem de suas atividades que são de natureza eminentemente privada. Conduz ações e projetos que trazem benefícios à infraestrutura da Internet no Brasil. Do NIC.br fazem parte: Registro.br (https://registro.br), CERT.br (https://cert.br/), Ceptro.br (https://ceptro.br/), Cetic.br (https://cetic.br/), IX.br (https://ix.br/) e Ceweb.br (https://ceweb.br), além de projetos como Internetsegura.br (https://internetsegura.br) e Portal de Boas Práticas para Internet no Brasil (https://bcp.nic.br/). Abriga ainda o escritório do W3C Chapter São Paulo (https://w3c.br/).
Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://cgi.br/resolucoes/documento/2009/003). Mais informações em https://cgi.br/.
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