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Crianças e adolescentes conectados ajudam os pais a usar a Internet, revela TIC Kids Online Brasil


23 JUN 2020



Segundo a pesquisa, Brasil ainda tem 4,8 milhões de crianças e adolescentes que vivem em domicílios sem acesso à Internet

O uso da Internet por crianças e adolescentes é crescente no Brasil. Sua rotina inclui, muitas vezes, auxiliar os pais em atividades on-line – 29% dos usuários de Internet de 9 a 17 anos ajudaram seus pais ou responsáveis a fazer algo na Internet todos os dias ou quase todos os dias, enquanto outros 28% oferecem apoio pelo menos uma vez por semana. Coletados de forma inédita, os dados fazem parte da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2019, divulgada hoje (23 de junho) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Entre os pais ou responsáveis das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos, 80% reportaram conversar com os filhos sobre atividades on-line, 77% ensinam como usar a Internet com segurança e 55% ajudam a fazer alguma tarefa na Internet que a criança não entende. De forma geral, atividades de orientação são mais direcionadas às faixas etárias mais baixas: o número de pais ou responsáveis que acompanha atividades presencialmente, falando ou participando do que o filho está fazendo, foi de 75% para população de 9 a10 anos e de 47% para a população de 15 a 17 anos.

“Nessa edição, além de indicadores sobre mediação parental, a pesquisa traz dados sobre como os jovens oferecem ajuda aos pais ou responsáveis. Neste momento de isolamento social em função da pandemia COVID-19, a interação no interior da família sobre atividades on-line passa a ser ainda mais relevante. Buscar ajuda com os filhos pode ser um caminho para se estabelecer este importante diálogo entre pais e filhos sobre o uso seguro da Internet.” analisa Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

A pesquisa também investiga possíveis riscos aos quais crianças e adolescentes estão expostos na Internet. A proporção de contato com conteúdo de violência foi de 27% entre as meninas e de 17% entre os meninos. Diferenças também foram identificadas em relação a conteúdos sobre formas de ficar muito magro, reportado por 21% das meninas e 10% dos meninos. A proporção de meninas que foram tratadas de forma ofensiva também foi maior do que entre os meninos, 31% contra 24%. Entre os jovens de 9 a 17 anos, 43% viram pessoas serem discriminadas no ambiente on-line, seja pela raça, cor ou aparência física.

Conectividade
A TIC Kids Online Brasil aponta que 89% da população de 9 a 17 anos é usuária de Internet no Brasil, o que equivale a 24,3 milhões de crianças e adolescentes conectados. O percentual é menor entre crianças e adolescentes que vivem em áreas rurais (75%), nas regiões Norte e Nordeste (79%) e que residem em domicílios das classes DE (80%).

Embora os jovens brasileiros sejam usuários intensivos de Internet, as limitações de acesso ainda afetam parcela importante dessa população. Cerca de 1,8 milhões de indivíduos de 9 a 17 anos não são usuários de Internet, enquanto 4,8 milhões de crianças e adolescentes vivem em domicílios que não possuem acesso à rede. A pesquisa ainda aponta que não ter Internet em casa é o principal motivo para o não uso da rede – o que foi reportado por 1,6 milhões dos não usuários.

Dispositivos de acesso à Internet
O celular é o principal dispositivo de acesso à Internet, utilizado por 23 milhões de crianças e adolescentes brasileiros (95%). Do total de usuários na faixa etária investigada, 58% utilizam o dispositivo de forma exclusiva, percentual mais elevado nas classes DE (73%). Já o acesso à Internet por meio da televisão aumentou no comparativo com 2018 – era de 32% na pesquisa anterior e agora é de 43%.

A TIC Kids Online Brasil 2019 aponta ainda que o acesso à Internet por crianças e adolescentes é predominantemente domiciliar: 92% da população investigada acessou à Internet de casa e 83% da casa de outras pessoas. Na escola o acesso foi reportado por 32% dos entrevistados.

“O acesso exclusivo pelo telefone celular e a falta de conectividade nos domicílios são limitações que merecem a atenção das políticas públicas, sobretudo no contexto da pandemia que estamos enfrentando. Tais fatores dificultam, por exemplo, a continuidade das atividades de ensino e aprendizagem a distância”, avalia Barbosa.

Atividades com o uso da rede
Atividades multimídia, de comunicação, educação e busca por informações estão entre as mais realizadas entre o público investigado. A pesquisa aponta que quanto maior a faixa-etária, maior a proporção de realização dessas atividades: 78% da população de 15 a 17 anos realiza pesquisas na Internet por curiosidade ou vontade própria – esse índice cai para 46% quando se trata de crianças de 9 a 10 anos de idade.

A TIC Kids Online Brasil 2019 mostra ainda que 40% da população de 15 a 17 anos conversou por chamada de vídeo – já para crianças de 9 a 10 anos essa proporção é de 25%. As conversas por vídeo também variam segundo a classe social: 56% na AB, 34% na C e 27% nas classes DE. De acordo com a pesquisa, a procura por informações sobre saúde foi realizada por um número maior de meninas de 15 a 17 anos (37%), se comparado aos meninos da mesma idade (25%).

Sobre a pesquisa 
Em sua oitava edição, a pesquisa TIC Kids Online Brasil entrevistou 2.954 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos, bem como seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional. As entrevistas aconteceram entre outubro de 2019 e março de 2020, visando a entender de que forma esse público utiliza a Internet e como lida com os riscos e as oportunidades decorrentes desse uso. A TIC Kids Online Brasil segue o referencial metodológico da rede europeia EU Kids Online, liderado pela London School of Economics e do projeto Global Kids Online, coordenado pelo Unicef.

Para acessar a TIC Kids Online Brasil 2019 na íntegra, assim como rever a série histórica, visite https://cetic.br/. Compare a evolução dos indicadores a partir da visualização de dados disponível em: http://data.cetic.br/cetic/explore?idPesquisa=TIC_KIDS.

O Cetic.br disponibiliza os microdados da 8ª edição da pesquisa para download, além das tabelas completas de proporções, totais e respectivas margens de erro. Faça download de documentos relevantes e dos microdados da pesquisa em: https://cetic.br/pesquisa/kids-online/microdados.

Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre a disponibilidade e o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br é um Centro Regional de Estudos, sob os auspícios da UNESCO. Mais informações em http://www.cetic.br/.

Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://www.nic.br/) é uma entidade civil, de direito privado e sem fins de lucro, que além de implementar as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil, tem entre suas atribuições: coordenar o registro de nomes de domínio — Registro.br (https://www.registro.br/), estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil — CERT.br (https://www.cert.br/), estudar e pesquisar tecnologias de redes e operações — Ceptro.br (https://www.ceptro.br/), produzir indicadores sobre as tecnologias da informação e da comunicação — Cetic.br (https://www.cetic.br/), implementar e operar os Pontos de Troca de Tráfego — IX.br (https://ix.br/), viabilizar a participação da comunidade brasileira no desenvolvimento global da Web e subsidiar a formulação de políticas públicas — Ceweb.br (https://www.ceweb.br), e abrigar o escritório do W3C no Brasil (https://www.w3c.br/).

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (http://www.cgi.br/principios). Mais informações em http://www.cgi.br/.

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