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Classes C e DE impulsionam crescimento da conectividade à Internet nos lares brasileiros, mostra TIC Domicílios 2023


16 NOV 2023



Qualidade do acesso ainda é desigual entre a população, aponta estudo lançado nesta quinta-feira (16) pelo NIC.br/CGI.br

Após dois anos de estabilidade, o acesso à Internet nos domicílios brasileiros voltou a crescer em 2023, impulsionado pelo aumento da conectividade nos lares das classes C e DE. O dado faz parte da TIC Domicílios 2023, lançada nesta quinta-feira (16) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). A nova edição da pesquisa mostrou que 84% das residências no país – em números absolutos, o equivalente a 64 milhões – estão conectadas à rede, um aumento de quatro pontos percentuais na comparação com 2022 (80%). Esse indicador vinha estável desde 2020.

O estudo, conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), revelou que os avanços estatisticamente mais significativos foram observados entre os domicílios das classes C (de 87% em 2022 para 91% em 2023) e DE (de 60% para 67%).

A proporção de usuários de Internet também voltou a crescer. Segundo o levantamento, 84% (cerca de 156 milhões de pessoas) acessaram a rede nos três meses anteriores à pesquisa, o que representa um aumento de três pontos percentuais frente a 2022 (81%). Houve crescimento significativo entre as mulheres, com a proporção de usuárias de Internet passando de 81% em 2022 para 86% em 2023.

A quantidade dos que não usam a rede, por sua vez, caiu de 36 milhões (2022) para 29 milhões (2023). Do total de usuários, 24 milhões residem em áreas urbanas, 17 milhões se declararam pretos ou pardos e 17 milhões pertencem às classes DE, apontando para a exclusão digital nas periferias urbanas do país. Ainda conforme o estudo, 24 milhões têm até o ensino fundamental, e 16 milhões têm 60 anos ou mais, superando a soma de não-usuários das demais faixas etárias.

"Apesar do recuo, o número de brasileiros desconectados ainda é preocupante, na medida em que muitas atividades e serviços são disponibilizados exclusiva ou preferencialmente no ambiente online. Não ter acesso à Internet pode significar estar excluído de inúmeras oportunidades”, avalia Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.

Qualidade do acesso
Quase a totalidade (99%) dos usuários de Internet brasileiros com 10 anos ou mais conectou-se à rede pelo telefone celular, que segue como o dispositivo mais utilizado para essa finalidade. Em segundo lugar, aparece a televisão (58%), dispositivo cujo uso vem aumentando há uma década. Já a conexão via computador permaneceu estável, com 42%.

Ainda de acordo com a pesquisa, 58% disseram ter se conectado pelo telefone celular, mas não pelo computador, e 41% afirmaram usar ambos os dispositivos. Nas classes DE, 87% acessaram a rede exclusivamente pelo telefone celular, e 12% usaram ambos os dispositivos. O acesso exclusivo por celular também foi maior entre as mulheres (64%) do que entre os homens (52%), e entre pretos (64%) e pardos (63%) do que entre brancos (49%).

O dispositivo de acesso também está associado à presença de habilidades digitais, conforme sinalizam os indicadores da pesquisa. Entre os que se conectaram à rede tanto pelo computador quanto pelo telefone celular, por exemplo, 71% disseram ter buscado verificar informações encontradas na Internet. Já entre os que acessaram exclusivamente pelo celular, a proporção foi de apenas 37%.

Entre os que possuem telefone celular, 60% têm um plano pré-pago e 36%, pós-pago. No que diz respeito à conexão, 97% dos usuários de Internet pelo celular da classe A acessam a Internet tanto por Wi-Fi quanto pela rede móvel, enquanto nas classes DE, 36% acessam exclusivamente por Wi-Fi e 11% somente pela rede móvel.

“Neste ano, voltamos a observar um aumento de conectividade no país, mas a TIC Domicílios também mostra que a qualidade do acesso ainda é desigual entre a população, o que restringe o desenvolvimento de habilidades digitais e a fruição plena dos benefícios que a Internet tem a oferecer”, afirma Barbosa.

Práticas culturais
Entre as atividades culturais online, o consumo de podcast foi o que mais avançou nos últimos anos no país. De acordo com o estudo, 29% dos brasileiros com 10 anos ou mais ouviram esse tipo de conteúdo em 2023, um aumento de sete pontos percentuais em relação a 2021 (22%) e de 19 pontos percentuais na comparação com 2019 (10%).

O crescimento do acesso a podcasts no Brasil tem sido causado, sobretudo, pela produção nacional. Enquanto 29% dos indivíduos disseram ter ouvido podcasts brasileiros, somente 7% escutaram podcasts estrangeiros, invertendo a lógica que predomina no caso de filmes e séries.

O estudo revelou também que a proporção dos indivíduos que assistem a vídeos por meio de serviços de assinatura aumentou sete pontos percentuais, subindo de 38% em 2021 para 45% em 2023. Ainda assim, os sites ou aplicativos de compartilhamento de vídeos seguem como as principais plataformas de acesso a esse tipo de conteúdo na Internet, usados por 54% daqueles que assistiram a vídeos online. Vídeos com música (50%) e notícias (48%) foram os temas mais citados pelos usuários, e vídeos de eventos ou programas religiosos (34%) tiveram um aumento de 7 pontos percentuais em relação a 2021.

Serviços e compras online
Em 2023, 73% dos usuários de Internet com 16 anos ou mais utilizaram serviços de governo eletrônico, o que representou um crescimento de oito pontos percentuais em relação a 2022. Entre 2021 e 2023, houve um crescimento significativo na realização de serviços relativos ao pagamento de impostos e taxas de forma 100% online, sem a necessidade de finalizar o serviço presencialmente. "Os órgãos públicos vêm aumentando a oferta de serviços digitais, como mostra a pesquisa TIC Governo Eletrônico. O aumento verificado em 2023 do número de pessoas que acessaram serviços públicos pela Internet é algo positivo, tanto para os cidadãos quanto para os governos", comenta Fabio Storino, coordenador da TIC Domicílios.

A pesquisa mostrou ainda que metade (50%) dos usuários de Internet no Brasil realizou compras no ambiente digital nos últimos doze meses anteriores ao levantamento, o que equivale a 78 milhões de pessoas. Embora tenha variado dentro da margem de erro na comparação com 2022, esse indicador vem se mantendo num patamar superior ao observado antes da pandemia COVID-19, mostrando que o consumo online de produtos ou serviços passou a fazer parte dos hábitos de um contingente maior de brasileiros.

"A pesquisa TIC Domicílios identifica temas emergentes e novas tendências, sempre em consonância com pautas do desenvolvimento social sustentável. É uma fonte de referência essencial para a elaboração de políticas públicas e para o debate qualificado sobre os impactos socioeconômicos do acesso e uso da Internet na sociedade brasileira", ressalta Renata Mielli, coordenadora do CGI.br.

Sobre a pesquisa
Realizada anualmente desde 2005, a TIC Domicílios tem o objetivo de mapear o acesso às tecnologias da informação e comunicação nos domicílios permanentes do país e seu uso por indivíduos de 10 anos de idade ou mais. Na edição 2023, a coleta de dados aconteceu entre março e julho de 2023, e incluiu 23.975 domicílios e 21.271 indivíduos.

Para conferir a lista completa de indicadores, acesse: https://cetic.br/pt/pesquisa/domicilios/. O lançamento online está disponível na íntegra em https://www.youtube.com/watch?v=ZcO5nCXcA5E

O Cetic.br disponibiliza, ainda, os microdados do estudo para download, além das tabelas completas de proporções, totais e respectivas margens de erro em: https://cetic.br/pt/pesquisa/domicilios/microdados/.

Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre o acesso e o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br|NIC.br é, também, um Centro Regional de Estudos sob os auspícios da UNESCO, e completa 18 anos de atuação em 2023. Mais informações em https://cetic.br/.

Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://nic.br/) é uma entidade civil de direito privado e sem fins de lucro, encarregada da operação do domínio .br, bem como da distribuição de números IP e do registro de Sistemas Autônomos no País. O NIC.br implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br desde 2005, e todos os recursos arrecadados provêm de suas atividades que são de natureza eminentemente privada. Conduz ações e projetos que trazem benefícios à infraestrutura da Internet no Brasil. Do NIC.br fazem parte:  Registro.br (https://registro.br/), CERT.br (https://cert.br/), Ceptro.br (https://ceptro.br/), Cetic.br (https://cetic.br/), IX.br (https://ix.br/) e Ceweb.br (https://ceweb.br/), além de projetos como Internetsegura.br (https://internetsegura.br/) e Portal de Boas Práticas para Internet no Brasil (https://bcp.nic.br/). Abriga ainda o escritório do W3C Chapter São Paulo (https://w3c.br/).

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://cgi.br/resolucoes/documento/2009/003). Mais informações em https://cgi.br/.

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