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Cetic.br comemora dez anos de pesquisas TIC com debate sobre importância de indicadores


25 NOV 2015



Evento marcou o lançamento das publicações das pesquisas TIC de 2014

Ao lançar quatro publicações de pesquisas sobre o acesso e uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC), o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) promoveu, em conjunto com especialistas do setor, uma análise sobre a trajetória da produção de indicadores TIC e sua relevância para a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas.

Divulgadas nessa segunda-feira (23) durante o debate "Dez anos de pesquisas TIC: desafios e perspectivas para a inclusão digital no Brasil", as publicações TIC Domicílios 2014, TIC Empresas 2014, TIC Educação 2014 e TIC Kids Online Brasil 2014 estão disponíveis em http://cetic.br/publicacoes/indice/pesquisas/. São mais de 1.600 páginas bilíngues que trazem uma análise dos resultados obtidos pelas pesquisas, bem como a descrição detalhada da metodologia adotada, além de contarem com artigos de especialistas de diversos setores como Governo, academia, organizações da sociedade civil e organismos internacionais.

Em seu discurso de boas-vindas, Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br, ressaltou o 10º ano de produção das pesquisas e enfatizou o compromisso do NIC.br e do CGI.br em gerar estatísticas sobre a Internet. “Quem usou e usa as pesquisas do Cetic.br sabe que os dados têm um valor intrínseco grande”, declarou. Em complemento, Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, lembrou que os estudos são comparáveis internacionalmente e desempenham um papel importante na formulação e avaliação de políticas públicas no país.

Sonia Jorge, diretora executiva do Alliance for Affordable Internet (A4AI), ressaltou a contribuição das TIC em um contexto internacional com a palestra "Desvendar realidades, desmitificar percepções: medindo o progresso para os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS)", e declarou que houve um avanço positivo, mas não suficiente. Dados da A4AI revelam, por exemplo, que nenhum dos 51 países emergentes ou em desenvolvimento atingiu a meta da ONU de oferecer banda larga com custo inferior a 5% do salário mensal para dois bilhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, com menos de dois dólares por dia.

“A tecnologia não é neutra. As desigualdades encontradas off-line são replicadas no ambiente online, onde mulheres, populações rurais e pessoas que vivem na pobreza são grupos marginalizados”, acrescentou Sonia. Para ela, as políticas públicas devem pensar em acesso partilhado e medidas inovadoras para a inclusão digital. Destacou, ainda, a importância das pesquisas produzidas pelo Cetic.br, as quais “não trazem apenas números, mas possuem contexto, dão perspectiva, informam políticas públicas e contam histórias”, bem como a atuação do Centro em Moçambique, onde contribuiu para a criação de indicadores sobre TIC que serão incorporados ao próximo Censo daquele país.

Debate

“Não conseguiremos fazer nenhuma outra inclusão sem fazer a inclusão digital”, pontuou Eduardo Diniz, professor da FGV-SP e mediador do debate "Dez anos de pesquisas TIC: desafios e perspectivas para a inclusão digital no Brasil". Na ocasião, o consultor e ex-conselheiro do CGI.br, Rogério Santanna, um dos idealizadores do Cetic.br, chamou atenção para a produção respeitável realizada pelo Centro há dez anos. "Não se faz mudança sem criar inteligência. Por isso, é fundamental ter indicadores para definir qualquer política pública. E esses dados são importantes não só para o Governo, mas para quem faz negócios, realiza pesquisas e atua em organizações da sociedade civil", afirmou.

Durante o debate, o membro do CGI.br e professor da UFRGS, Flávio Wagner, tratou do valor da ciência, tecnologia e inovação como instrumento para atingir o desenvolvimento sustentável. “Precisamos de indicadores adequados para acompanhar como a inovação está acontecendo de fato e como superar o hiato digital. As análises de estudos detalhados permitem formular políticas públicas que sejam pontuais”, defendeu. Os recortes por região disponíveis nos indicadores produzidos pelo Cetic.br ajudam, na opinião do professor, a entender melhor os diferentes contextos que podem ser mascarados por totais globais, aprofundando a análise dos dados.

As diferenças regionais também foram abordadas pela conselheira do CGI.br e da PROTESTE, Flávia Lefèvre, que citou o direito universal ao acesso à Internet, previsto na lei do Marco Civil. “Observamos que o provimento de velocidades mais altas está concentrado na região Sudeste e apenas no litoral do Nordeste. Precisamos utilizar todas as informações que o Cetic.br proporciona para reverter o quadro de investimento discriminatório no País”, declarou. Flávia também abordou a necessidade de dar o devido peso à neutralidade da rede como garantia de igualdade, especialmente no processo de regulamentação do Marco Civil, assim como preservar a governança multissetorial da Internet.

A perspectiva empresarial, também abordada no debate, ficou sob a responsabilidade de Eduardo Parajo, conselheiro do CGI.br e presidente da ABRANET. Segundo ele, há hoje uma outra percepção do mercado de provimento de Internet graças ao trabalho realizado pelo Cetic.br com a pesquisa TIC Provedores. “Se juntarmos os dois mil empreendedores formais que hoje prestam serviço de provimento de Internet, temos o mesmo tamanho e abrangência de uma grande operadora de telecomunicação”, exemplificou ao citar dados da pesquisa.

Todas as edições das pesquisas do Cetic.br estão disponíveis em: http://cetic.br/. A evolução dos indicadores também pode ser conferida por meio da ferramenta de visualização de dados: http://data.cetic.br/cetic/.